Muitas são as razões que levam os estudantes a desistirem dos seus cursos, uma delas é custo elevado dos livros escolares. Nos países em desenvolvimento, o fornecimento adequado de livros defronta-se com problemas tais como: falta de moedas firmes e ou fraqueza de moeda local; equilíbrio de fornecimento entre os livros produzidos localmente e os importados; demora desnecessária devido a problemas de transporte; etc. Estes problemas têm contribuído para o aumento dos preços dos livros. Muitos dos países em desenvolvimento dependem muito da ajuda estrangeira para as suas necessidades básicas na educação o que pode contribuir para o aumento dos custos dos livros e materiais escolares.
O post
An everyday OCW story from South Africa - vem de encontro ao que foi referido por mim anteriormente. Karen Wallace é uma professora da
University of the Western Cape, que lecciona o curso de química. Este curso exige aos alunos a compra de dois livros. A professora Karen sabe que os seus alunos apenas terão dinheiro para comprar um dos livros, por isso, elaborou um conjunto de materiais didácticos com as temáticas contidas nos livros. Estes materiais foram passando de estudante para estudante e foram modificados continuamente ao longo do processo de aprendizagem, fazendo com que a qualidade dos mesmos aumentasse.
Geralmente, as instituições educacionais nos países em desenvolvimento, não têm recursos financeiros para o desenvolvimento em grande escala de materiais didácticos. Se todas as instituições contribuíssem um pouco na partilha de recursos didácticos, essa colaboração iria contribuir para o desenvolvimento de um conjunto de materiais. Permitindo assim o alcance de grandes avanços. Esta é a filosofia do Recursos Educativos Abertos. No meu primeiro post Juliet Stoltenkamp fala sobre os
OpenCourseWare e tenta incentivar os professores, neste caso a professora Karen Wallace, a publicar todo o material criado para o seu curso de química. O objectivo de Juliet Stoltenkamp é fazer com que Keren Wallace perceba a importância da partilha dos seus recursos educativos. Mas esta professora tem dúvidas em relação às vantagens da partilha dos seus materiais didácticos. Ela sabe que a partilha e o trabalho colaborativo são uma mais-valia para obter melhor conteúdo educacional.
São muitos os professores nas universidades que ainda têm receio de partilhar os seus próprios recursos, muitos deles não sabem a importância, as potencialidades que os Recursos Educativos Abertos podem oferecer. A utilização dos Recursos Educativos Abertos vai permitir a existência de uma grande troca de conhecimento. Estamos perante uma sociedade e uma economia baseada na partilha e difusão do conhecimento, isto representa uma oportunidade para os países em desenvolvimento. Como exemplo posso referir o estado indiano de Kerala (tem um nível de desenvolvimento humano que se aproxima dos países do Norte). Muitos são os países que estão a “crescer”, tal como o estado indiano de Keral, com base no conhecimento e na inteligência. No futuro, o potencial de desenvolvimento de uma sociedade vai depender menos da sua riqueza natural do que da sua capacidade de gerar, partilhar, difundir e utilizar o conhecimento. Este conhecimento deve estar ao alcance de todos, ninguém deve ser excluído numa sociedade do conhecimento. Para isso as sociedades têm de investir muito na educação para todos. A possibilidade de troca ou partilha de conhecimento aumenta muito com a utilização, nas universidades dos Recursos Educativos Abertos.
A professora Karen Wallace está com dúvidas em relação à partilha de materiais, será que ao partilhar os seus materiais ela receberá apenas comentários sobre melhorias em relação a esses materiais, ou conseguirá que essas pessoas se comprometam nesse mesmo processo? O OpenCourseWare deveria fazer parte das nossas práticas educativas e não ser mais um esforço extra. Mas na verdade estamos muito longe disso, algumas instituições ainda não estão preparadas para este novo conceito. A
University of the Western Cape já tem alguém responsável por transmitir aos professores a importância da partilha. Juliet Stoltenkamp conseguiu convencer a professora Karen Wallace a partilhar o seu curso de química, este foi mais um passo no desenvolvimento dos materiais didácticos.
Existe um factor muito importante a ter em conta na partilha de materiais didácticos. Quando algum professor está a criar o seu próprio material não pode pensar que basta ele compreender o que lá está. Os professores têm tendência a criar os seus materiais apenas e exclusivamente para eles próprios, isto torna a partilha mais complicada. Todos os professores têm de perceber que ao criarem um recurso educativo aberto têm de considerar que outras pessoas têm de compreender o que lá esta. Por isso a estrutura e o conteúdo dos materiais têm de ser perceptivos para diferentes pessoas.
De forma a incentivar os professores das universidades do continente Africano, tal como a professora Karen Wallace, a utilizar os Recursos Educativos Abertos foi criado o OER África (post
A new OER initiative in Africa). Ninguém pode perder o comboio nesta era do conhecimento, por isso todos temos que contribuir para que as grandes potencialidades dos Recursos Educativos Abertos contribuam para o desenvolvimento dos seus países, dando oportunidade aos mais pobres a uma aprendizagem justa e igual para todos.
A OER África é uma iniciativa recente e inovadora que tem como objectivo, desempenhar um papel de liderança na condução do desenvolvimento e da utilização de Recursos Educativos Abertos no ensino superior em todo o continente africano e estabelecer uma plataforma para a sua implementação a longo prazo. O grande potencial dos Recursos educativos abertos tem ganho cada vez mais destaque ao longo dos últimos anos. Em suma, o conceito de Recursos Educativos Abertos é o nome utilizado para descrever os recursos educativos que estão livremente disponíveis para a utilização por parte de educadores e educandos. Os Recursos Educativos Abertos são potencialmente poderosos por várias razões, incluindo: não têm restrições em relação às cópias dos recursos; contribuem para a adaptação de materiais que permitam aos alunos serem participantes activos em processos educativos, onde os alunos aprendem criando e fazendo, não apenas pela leitura e absorção passiva; permite aos educadores o acesso a baixo ou nenhum custo de materiais didácticos. O conceito dos Recursos Educativos Abertos foi elaborado com base no princípio de garantir o direito à educação para todos (como indicado na Declaração Universal dos Direitos do Homem). A importância de encontrar formas de expandir as oportunidades educacionais não pode ser subestimada. A Educação Aberta pretende pôr em prática políticas e práticas que permitam a entrada para a aprendizagem sem barreiras ou mínimos no que diz respeito à idade, sexo, falta de dinheiro, ou limitações de tempo e com o reconhecimento de aprendizagens anteriores. A OER África foi criada com a convicção de que os Recursos Educativos Abertos têm um poderoso papel, tal como já referi anteriormente, a desempenhar no desenvolvimento das instituições do ensino superior em toda a África.
Cada vez mais, estamos perante a exigência, por parte dos alunos, de uma melhoria das práticas pedagógicas e de conteúdos. Para que as instituições de ensino superior consigam dar resposta a estas exigências, tem de existir alguém que sensibilize as instituições de ensino superior para os benefícios dos Recursos Educativos Abertos (tal como aconteceu à Karen Wallace que foi incentivada a partilhar o seu material do curso de química), alguém que dê apoio colaborativo no desenvolvimento dos Recursos Educativos Abertos, que ensine os professores a adaptarem e implementarem o conceito dos Recursos Educativos Abertos dentro das universidades. Tudo isto porque as potencialidades dos Recursos Educativos Abertos vão permitir um aumento na qualidade dos materiais didácticos. Cada vez mais os professores universitários têm de estar conscientes das potencialidades que os Recursos Educativos Abertos podem oferecer aos seus alunos. Os professores universitários e alunos não podem ser apenas consumidores passivos, estes têm de participar activamente no processo dos Recursos Educativos Abertos.
A participação de todos irá contribuir para construção do ensino superior de um país, que desempenha um papel crítico na construção e manutenção de uma sociedade, da sua economia, produzindo o futuro de um país através de líderes intelectuais livres e abertos no desenvolvimento e na partilha comum de capital intelectual. O que acabo de dizer vem de encontro ao post, de
Sarah Stewart. Não podia estar mais de acordo com ela. Sem dúvida que uma forma de desenvolver uma sociedade de forma sustentada é fazer com que todas as pessoas tenham acesso aos vários recursos educacionais e profissionais. Esta ideia vai de encontro aos objectivos iniciais na criação do projecto OER África. A partilha do conhecimento é feita de forma muito mais fácil se as instituições ou universidades não colocarem muros como forma de bloqueio aos recursos educativos. É fundamental que toda a informação educativa seja colocada de forma aberta para todos terem a possibilidade a uma aprendizagem ou conseguirem visualizar. Quando falo em informação educativa estou a falar de tudo aquilo que um professor utiliza para leccionar um curso. Gostei de visualizar o que pensam os professores da universidade de
Otago Polytechnic sobre os Recursos Educativos Abertos (ao ver este vídeo recordei muito do que foi dito por todos nós na discussão da actividade 1). Esta Universidade já disponibiliza muitos dos seus recursos educativos e programas na Internet de forma aberta, na minha opinião estão de parabéns.
Referências:
Post 1:
An everyday OCW story from South AfricaPost 2:
A new OER initiative in AfricaPost 3:
Sarah Stewart