quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

"Avaliação em processos de educação problematizadora online"

1. O modelo “bancário” de educação a distância
Processo de desenvolvimento da inteligência
- Associacionismo empirista;
- inspira métodos pedagógicos que valorizam a transmissão (pelo professor, o “emissor”) e a reprodução (pelo aluno, o “receptor”).
- Inatismo e na maturação interna;
- educação problematizadora.
- Construtivista;
- Com a entrada da informática no processo educacional, o linguajar tecnicista vulgariza-se. Educandos passam a ser tratados como “usuários” e o próprio processo educativo ganha uma nova marca: e-learning.
- o aprendizado não se resume à simples introjecção de mensagens - pode-se concluir que um curso online que se limite apenas a oferecer textos seqüenciais e testes de averiguação do que foi “retido” nega ao aluno a sua intervenção no próprio conhecimento.

2. Educação dialógica e problematizadora
- o construtivismo piagetiano volta-se para a produção, para a criação.
- formar é muito mais do que treinar o aluno em certas destrezas. “ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua produção ou sua construção”;
- Uma educação problematizadora
- Nega o acto de transferir, narrar ou transmitir conhecimentos aos pacientes educandos.
- Organizar-se em torno da visão do mundo dos educandos. Urge trabalhar esses conteúdos não como pacote que se entrega aos alunos, mas como atividade deliberada, que busca soluções para problemas contextualizados e relevantes na vida dos educandos.
- A avaliação passa a ser constante, que se extende por todo o curso. Em vez de avaliar-se meramente produtos finais (como um teste), acompanha-se todo o processo construtivo do educando. Da avaliação pontual da “retenção” de conteúdos, para um acompanhamento contínuo da aprendizagem.

3. Construção social do conhecimento e avaliação online
- Devemos sempre pensar na forma como se dá o aprendizado humano;
- A capacidade cognitiva do ser humano precisa apenas de ser exercitada;
- Segundo Piaget (2002), a aprendizagem não é uma actividade simplesmente individual e o conhecimento se dá na acção. Para ele, as operações mentais são acções, de uma forma interiorizada e coordenada com outras ações do mesmo tipo. Porém, - adverte que “essas operações não são absolutamente apanágio do indivíduo isolado e presumem, necessariamente, a colaboração e o intercâmbio entre os indivíduos”;
- a cooperação é um instrumento indispensável para a elaboração racional (o trabalho de grupo é assim fundamental em todo o processo de educação, a discussão leva a um aumento do conhecimento de nós próprios) - isto não significa a eliminação do trabalho particular;
- motivar as discussões e debates na educação a distância, a produção de trabalhos coletivos ganha enorme valor na construção cooperada do saber;
- A contribuição de todos os elementos de um grupo são partes fundamentais e essenciais na construção da aprendizagem;
- aprendizagem é mais efectiva quando, os alunos trabalham em conjunto em certo problema - “defrontam-se com conflitos ou dificuldades e se envolvem em argumentações, contra-argumentações e negociações para produzirem uma solução conjunta”.
- A vida colectiva é indispensável para o desenvolvimento humano, dado isto existe a necessidade da criação uma “comunidade de trabalho”;
- a Internet vem criar comunidades de aprendizagem que vão permitir a interacção entre os seus intervenientes;
- Avaliação:
- a avaliação não deve ficar apenas a cargo do professor;
- os trabalhos dos educandos devem ser partilhados e avaliados no grupo, mesmo que no final quem informe a nota seja o educador, isto permite a troca de ideias que vão contribuir para uma melhor avaliação;
- As formas de melhor avaliar um aluno passam pelas resenhas críticas, pelas reflexões criticas e não pelos testes de escolha múltipla;
- A publicação continua dos trabalhos na Web vai permitir comentários aos mesmos, provocando assim a discussão entre os alunos;
- As intervenções problematizadoras vão promover uma aprendizagem ao aluno e uma tomada de consciência;
- com a intensificação das interacções entre os alunos, que passam a conhecer e intervir no trabalho de seus colegas, abre-se a possibilidade para que a intervenção problematizadora seja horizontal;
- o processo de aprendizagem de cada educando pode ser acompanhado de perto a partir dos chamados diários de bordo, ou mesmo os blogs adaptados ao contexto educacional;. São estas ferramentas que vão permitir um registo na Web da caminhada de cada aluno;
- O diário de bordo vem desta forma permitir uma avaliação constante por parte do professor e mediar o diálogo com o educando, este assume uma importância ainda maior quando é aberto para a visualização de todos os colegas;
- Os chats, as listas de discussão e os fóruns vão contribuir para um aumento das relações cooperativas;
- Passamos a ter com a Internet o educando-pesquisador-autor;
- Uma forma de avaliar os projectos de aprendizagem passa pela criação de portfólios, (que podem ser disponibilizados no site do educando ou do grupo), reunindo todos os seus trabalhos, reflexões, descobertas, contribuições, etc. “O registro em portfólio auxilia na própria autoavaliação, com a vantagem de ajudar o aluno a desenvolver sua autocrítica, a ampliação da consciência do seu trabalho, de suas dificuldades e das possibilidades de seu desenvolvimento”;

Conclusão

Para o desenvolvimento de cursos online problematizadores e dialógicos, a interacção mútua deve ser valorizada e o trabalho autoral e cooperativo dos alunos fomentado.

A avaliação deve ser contínua, levando em conta todas as actividades desenvolvidas na rede.

Todos os trabalhos escritos, os relatos nos diários de bordo (ou blogs), os debates em chats, listas de discussão, fóruns, entre outros serviços, bem como as contribuições de links e textos para a biblioteca do curso a distância devem ser acompanhados e avaliados pelo educador. Ou seja, os aprendizes passam a ter o seu trabalho reconhecido durante toda a duração do curso a distância.

O próprio curso ganha com esse tipo de avaliação, pois quanto maior for a participação e contribuição dos educandos nas discussões e nos projectos alheios, mais eles enriquecem o processo educacional do grupo.

PRIMO, Alex (2006) “Avaliação em processos de educação problematizadora online”. In: Marco Silva; Edméa Santos. (Org.). Avaliação da aprendizagem em educação online. São Paulo: Loyola, v. , p. 38-49. http://www6.ufrgs.br/limc/PDFs/EAD5.pdf

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